Revista WIRED entrevista o presidente da FIFME sobre futebol de botão,
confira
O presidente
da FIFME, Pedroom "Matheus" Luiz, cedeu uma entrevista para
a Revista Wired,
na qual falou de sua paixão pelo futebol de botão, as
disputas da FIFME e do universo do futebol de mesa de forma geral. Abaixo,
confira as perguntas e respostas da entrevista.
1. Como começou sua paixão pelo
esporte?
Desde criança, a partir dos 7, jogando com meus amigos do prédio.
Eu logo me apaixonei e comecei a colecionar meus primeiros botões
e o meu primeiro "Estrelão".
2.
Como você teve contato com os campeonatos oficiais?
Só tive contato depois de adulto, aos 33, quando voltei a jogar
com uns amigos e alguns colegas que eram ex-profissionais, embora jogássemos
de forma amadora. Mas aí eu passei a me interessar mais pelos
campeonatos profissionais e a me adaptar às regras, materiais
e técnicas utilizadas pelas federações, em especial,
a Federação Paulista, pois sou paulistano.
3.
O que move/motiva o atleta de futebol de botão?
É a paixão pelo jogo, pelo clube que defende, já
que essas competições são geralmente disputadas
por times de botonistas e o coleguismo que envolve esse tipo de atividade
e seus aficcionados.
4.
Quais são (e como funcionam) as modalidades do futebol de botão?
São muitas modalidades, muitas regras e formas de disputar futebol
de botão. Varia conforme o estado e não há uma
uniformidade nacional. As regras mais conhecidas do Brasil são
a Paulista, Carioca, Gaúcha e Baiana. Cada uma delas possui peculiaridades
quanto ao material ideal para serem disputados, os botões, as
mesas, a medida das balizas etc. Existem também algumas modalidades
distintas como Futsal de Mesa ou o Futebol de Pano. Há variações
de bola quanto ao formato: disco, dado ou bolinha, mas com diferentes
materiais também como lã, feltro, sintética etc.
Se considerarmos as disputas amadoras, então são infinitas
formas de se jogar botão.
5.
Como funcionam os campeonatos organizados pela FIFME?
São campeonatos amadores onde o que vale é a disputa entre
os botões. Ao contrário dos campeonatos profissionais
em que a disputa é entre técnicos, na FIFME, o técnico
comanda um clube ou seleção. O que importa é o
botão, não o técnico. Basta observar no site da
federação, que o destaque para as manchetes, das disputas
em andamento e das estatísticas históricas destacam os
botões, não os técnicos.
6.
Derivado da questão anterior, como você concilia sua profissão
e vida pessoal com o botão?
A gente tenta preencher nossos momentos de folga com os jogos, o que
nem sempre é fácil, portanto é comum, em certos
períodos, como neste momento de pandemia, por exemplo, a gente
se afastar das competições. Mas a paixão sempre
fica e, em dado momento, a gente retoma a brincadeira.
7.
E como é a relação da FIFME com as federações
no Brasil e com a ITFC, ITSF e FISTF? Aliás, de onde vem tanta
federação?
Na verdade, nenhuma, pois somos uma federação amadora.
Quanto a existirem muitas federações, é conforme
eu disse acima, pois são várias regras e formas de jogar
botão, isso sem falar nos tipos de botão, em especial
os materiais. Só pra citar alguns, existem botões de plástico,
como aqueles de criança, de acrílico, de resina, de galalite
ou da combinação desses materiais, no nordeste tem botão
da casca de coco até. O formato do botão também
varia, tem botão tampa, argolado, sem angulação,
vidrilha, com chuteira etc. Essa miscelânea faz parte do futebol
de botão como grande paixão nacional, essas variações
compõem as diferentes modalidades do botão, por isso existem
tantas federações, cada qual com a sua forma preferida
de jogar. E ninguém que jogar com a regra das outras.
8.
Futebol de botão é um esporte totalmente analógico,
como competir com jogos online e atrair a nova geração?
Hoje em dia tá difícil, o futebol de botão tá
morrendo. Não existe mais, ou muito pouco, aquela paixão
de criança como em outros tempos, justamente porque a molecada
se reúne para jogar videogame, o futebol fica relegado ao FIFA
Soccer ou Wineleven. Mais do que nunca, hoje o botão é
uma prática de pessoas mais velhas. E vai depender dessas pessoas
despertarem essa paixão nos mais novos para que ela persista
pelas gerações, mesmo como uma prática mais minoritária.
9.
Quais as maiores dificuldades para a sobrevivência do esporte
hoje?
A manutenção da prática como um interesse que possa
manter as federações e os campeonatos no futuro, especialmente
em clubes tradicionais. Assim ao menos o botão sempre figurará
como uma prática desportiva. Mas como negócio, o esporte
tá realmente morrendo, basta observar quantas lojas ou fábricas
de botões existiam antes e as poucas que restam hoje, sobretudo
no âmbito profissional. Elas estão desaparecendo ano a
ano. Então a dificuldade é essa, a escassez de material
para que as pessoas possam jogar. Nós já temos um interesse
cada vez menor pelo esporte, e a escassez de materiais criam um cenário
em que o botão poderá ser relevado ao completo amadorismo,
tornando-se uma prática artesanal em que os aficcionados terão
de confeccionar seus próprios botões.